Em uma conversa recente com um CTO, discutindo a modernização de um legado monolítico complexo em que ele e seu time atuam, ele comentou bastante sobre como os conceitos do livro Team Topologies fundamentaram o plano que eles montaram. Depois de fazer meu trabalho de casa (ler o livro e várias resenhas), fiquei com muita vontade de compartilhar minhas impressões.
Team Topologies é um livro que aplica e operacionaliza a lei de Conway, explorando como as estruturas de times afetam diretamente os resultados das empresas, em especial no desenho dos times de tecnologia, e como falhas nesse design podem ser danosas. Além disso, o livro é repleto de exemplos, cases e referências, sendo muito rico em insights e conexões com situações reais. Vejo uma ligação direta com o Domain-Driven Design de Eric Evans: enquanto Evans fala sobre design de software para remover silos entre negócio e tecnologia, Team Topologies mostra como alinhar a estrutura dos times para reduzir fricções organizacionais e reforçar esse alinhamento. Os autores reforçam a limitação da carga cognitiva como o pilar central para definir a divisão das estruturas organizacionais.
Segundo os autores, existem quatro tipos de times e três modos principais de interação entre eles, e que sair desses padrões pode ser nocivo para a organização:
Stream-aligned: Times responsáveis por um fluxo de valor claro, entregando diretamente ao cliente, com foco ponta a ponta.
Plataforma: Criam serviços que aceleram os times stream-aligned, removendo complexidades.
Enabling: Ajudam outros times com dicas, orientações e conhecimentos específicos. Atuam de forma temporária com cada time, mas são uma unidade permanente na organização.
Subsistemas complexos: Lidam com componentes de alta complexidade e exigem conhecimento muito específico. Exemplos incluem times de modelos de recomendação com IA ou de desenvolvimento em camadas próximas ao hardware.
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Fonte: https://teamtopologies.com/key-concepts |
E suas interações:
Colaboração: Trabalham em conjunto para descobrir ou definir tópicos (APIs, tecnologias, etc.).
X-as-a-Service: Um time provê um serviço que outro consome, com pouca necessidade de colaboração, a partir de definições claras e bem estabelecidas.
Facilitação: Um time ajuda e orienta o outro.
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Fonte: https://teamtopologies.com/key-concepts |
Limitar-se a essas categorias ajuda a identificar problemas organizacionais e propor melhorias, especialmente em contextos de modernização, otimização ou fusões de estruturas.
É uma leitura essencial para profissionais de tecnologia em qualquer nível, mas especialmente valiosa para líderes e arquitetos de soluções que buscam transformar suas organizações.